30 janeiro 2010

O império das marcas

O império das marcas
Com investimentos de 5 bilhões de reais e uma gestão tipicamente brasileira, o empresário João Alves de Queiroz Filho, ex-dono da Arisco, comprou 20 concorrentes e transformou sua Hypermarcas numa das maiores empresas de consumo do país.

Nos últimos anos, a economia brasileira passou por profundas transformações - quase todas para melhor. A estabilidade é hoje algo que nem mesmo os esquerdistas mais raivosos colocam em questão, o país atingiu o grau de investimento, o mercado de capitais tornou-se um dos mais pujantes do mundo, o acesso ao crédito ficou mais fácil e barato. A combinação desses fatores fez surgir o que alguns economistas já chamam de "novo capitalismo brasileiro", um período de formação de grandes companhias nacionais aptas ou dispostas a competir com algumas das maiores corporações globais. "É um momento inédito, que permitiu a ascensão de empresas brasileiras com potencial de ganhar o mundo", afirma Oscar Malvessi, professor de finanças corporativas da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Poucas empresas representam tão bem essa fase como a Hypermarcas -seja pela rapidez com que foi criada, seja pela forma peculiar como é administrada. Criada há nove anos, a partir de um produto sem quase nenhuma tecnologia ou inovação - a lã de aço Assolan -, a Hypermarcas passou de média empresa com faturamento de 30 milhões de reais no primeiro ano de operação a uma respeitável companhia de 3,5 bilhões de reais de receita em 2009. Trata-se de um espetacular crescimento de 11 500% em menos de uma década. Nesse período, investiu cerca de 5 bilhões de reais em 20 aquisições de empresas nacionais, todas de bens de consumo, algumas com marcas bastante conhecidas, sobretudo no crescente - e hoje sexy - mercado da classe C. Em 2009, segundo um levantamento da consultoria Bain&Company, a Hypermarcas foi a empresa brasileira que mais foi às compras (excluindo firmas de private equity e bancos), com cinco aquisições que somaram quase 2 bilhões de reais.

Embora seja uma empresa aberta, com valor de cerca de 11 bilhões de reais em bolsa e milhares de acionistas, a Hypermarcas é um reflexo da forma de pensar do goiano João Alves de Queiroz Filho, mais conhecido como Júnior, um dos raros empresários brasileiros que reinventaram o sucesso em tempos, circunstâncias e negócios diferentes. Aos 57 anos de idade, fundador e dono de 31% do capital da Hypermarcas, Júnior está construindo um gigante do mercado de consumo pela segunda vez. Durante quase duas décadas, ele comandou a Arisco, empresa fundada por seu pai em 1969. Depois da venda da companhia por 760 milhões de dólares para a americana Bestfoods (que viria a ser incorporada logo em seguida pela anglo-holandesa Unilever) no ano 2000, Júnior decidiu recomeçar. Seu plano era construir uma espécie de "Procter& Gamble brasileira", uma companhia que oferecesse produtos de consumo em áreas tão diferentes quanto alimentos e medicamentos, sobretudo para os consumidores emergentes. Assim como fizera na Arisco, ele não criaria nada novo. Seus produtos - de lãs de aço a medicamentos genéricos - não demandam patentes ou grandes departamentos de pesquisa e desenvolvimento.
São uma alternativa, muitas vezes mais barata, ao que o consumidor já se acostumou a comprar. Seu grande capital, ao fazer isso, seria a combinação de experiência na produção, domínio do marketing de massa e conhecimento profundo dos canais de distribuição - três pilares construídos durante sua trajetória na Arisco. Os resultados recentes da Hypermarcas mostram que, pelo menos nesse sentido, Júnior já chegou perto de seu objetivo. Hoje, sua empresa conta com um portfólio com mais de 170 marcas e 4 000 produtos - de molho de tomate a analgésicos - e tem praticamente o dobro do tamanho da operação brasileira da P&G, que faturou cerca de 1,8 bilhão de reais no país em 2009. “Vi que havia muitas empresas como a Arisco, de origem familiar, que uma hora seriam alvo de um movimento de consolidação”, disse Júnior a EXAME, em uma de suas raríssimas entrevistas (suas fotos nesta reportagem são as primeiras publicadas por um veículo de imprensa). “E acreditei que eu poderia ser o consolidador.”

A face de comprador serial começou a se manifestar em 2001, quando Júnior recomprou a Assolan, marca que fazia parte do portfólio da Arisco, da Unilever. No ano seguinte, lançou o sabão em pó Assim. A partir de 2003, com um apetite cada vez mais voraz, arrematou de empresas praticamente anônimas marcas consagradas como Doril e Bozzano. Seu radar é acionado sempre que ele se depara com uma companhia dona de produtos conhecidos do grande público mas que por alguma razão foram “esquecidos” ou com empresas familiares que enfrentam dificuldades de su-cessão. Identificado o alvo, é hora de Júnior mostrar sua habilidade de negociação. “É preciso fazer o dono da companhia perceber que, se ele vender, receberá um valor justo e que a obra de sua vida não será enterrada. Do contrário, a empresa pode desaparecer”, diz.

Esse poder de persuasão, aliás, é apontado por quem o conhece bem como um de seus maiores trunfos. Apesar da infância modesta, Júnior é um empresário sofisticado. Cerca-se de alguns dos mais respeitados banqueiros e advogados do país. Elabora estratégias complexas ao mesmo tempo que cultiva, no ambiente de negócios, a imagem do caipira bem-sucedido. Em boa medida, Júnior é a personificação de um estilo de gestão tipicamente brasileiro - um jeito de conduzir os negócios que combina técnicas sofisticadas com uma dose considerável de intuição, agressividade com o conservadorismo nos custos típico dos negócios criados do zero, decisões rápidas com personalismo. Com seu jeitão simples, ele sabe dizer o que o interlocutor quer ouvir e não tem problema em fazer concessões - algo normalmente complicado para as multinacionais. Foi assim, por exemplo, que a Hypermarcas atravessou a negociação da americana Pfizer com o laboratório de genéricos Neoquímica. Apesar de colocar na mesa uma ótima proposta financeira, a Pfizer não garantia uma posição executiva de destaque para o então presidente e principal acionista da Neoquímica, Marcelo Limírio Gonçalves Filho. A negociação entre as duas empresas já estava em estágio avançado quando Júnior entrou na disputa. Segundo um executivo que acompanhou de perto o processo, ele ofereceu praticamente o mesmo valor da multinacional americana - 1,3 bilhão de reais -, mas garantiu que Gonçalves Filho assumiria o comando da área de medicamentos da Hypermarcas. “Sempre aproveitamos as pessoas e as culturas das empresas que compramos. Elas já sabem como funciona o negócio e, principalmente, os erros que têm de ser evitados”, diz Júnior. Em outro negócio fechado pela Hypermarcas no ano passado, ele adotou uma tática diferente. Percebeu que o dono da empresa com quem negociava se sentia frustrado por não ter herdeiros interessados no negócio e temia que as marcas que havia criado desaparecessem. “Sou o filho que você não teve e vou fazer nossa empresa crescer”, disse Júnior na ocasião. A frase foi decisiva para que o negócio fosse fechado - e está longe de ser mero bla-bla-blá de negociante. Depois de vender a Arisco, Júnior viu a marca praticamente desaparecer do mercado nos anos seguintes. Antes líder de mercado em alguns segmentos - como temperos, por exemplo -, ela hoje tem participação tímida dentro da linha de produtos da Unilever e há tempos não recebe nenhum investimento de marketing. No ano passado, a Unilever, vendeu para a empresa de café Santa Clara uma das marcas que vieram com a aquisição da Arisco - a Frisco, de sucos em pó, que chegou a ser vice-líder desse segmento no passado. A unidade da Arisco, em Goiás, foi modernizada e ampliada e hoje é a maior fábrica de alimentos da Unilever no mundo. (No mercado, comenta-se que a marca Arisco seria o novo alvo de aquisições da Hypermarcas. Os envolvidos não confirmam.)
Para construir seu conglomerado de produtos de consumo, Júnior contou com mais do que uma boa estratégia e uma lábia convincente. Ele precisou provar ao mercado que, de fato, tinha ambição e caixa suficientes para erguer uma companhia maior do que fora a Arisco. Nesse sentido, sua grande tacada veio em 2007, com a aquisição da empresa de medicamentos e produtos de cuidado pessoal Dorsay Monange, a paulista DM, dona de marcas como Doril, Gelol e Risqué. Com a compra da empresa por 1,2 bilhão de reais - a Hypermarcas triplicou seu faturamento. “Júnior é um ótimo negociador e soube aproveitar o bom momento do mercado brasileiro para criar uma grande companhia”, afirmou a EXAME Nelson Morizono, ex-dono da DM. Morizono e Júnior têm muitas características em comum. Além da aversão à exposição pública (a entrevista a EXAME foi a primeira já concedida por Morizono), ambos adotaram a estratégia de comprar marcas fortes e sustentá-las com pesados investimentos em marketing. A compra da DM marcou também a estreia da Hypermarcas nos dois mercados que mais crescem no setor de consumo, sobretudo depois que o fenômeno da ascensão da classe C se fortaleceu: o de medicamentos que dispensam receita médica, também conhecidos como OTC, e o de cuidados pessoais.

Apesar de seu papel essencial na definição de estratégias da companhia e, principalmente, nas negociações das aquisições, Júnior nunca teve uma função executiva na Hypermarcas. “Acho que tenho mais valor atuando como um grande consultor, ajudando a resolver problemas quando precisam de mim”, diz. Na sede da empresa, no bairro do Itaim Bibi, na zona sul de São Paulo, não há salas ou mesas reservadas para seu controlador. O dia a dia da Hypermarcas é tocado por dois de seus homens de confiança. Um deles é o executivo Cláudio Bergamo, ex-sócio da consultoria McKinsey, que ocupa a presidência da companhia. Aos 43 anos - 12 deles trabalhando com Júnior, Bergamo conhece o mercado brasileiro de consumo como poucos e aprendeu com o chefe a encontrar bons alvos. O outro é o administrador de empresas Nelson Mello, que está ao lado de Júnior há mais de três décadas e foi um dos responsáveis pelo crescimento da Arisco no passado. Hoje Mello é o diretor comercial da Hypermarcas e uma das vozes mais ouvidas por Júnior. Nenhuma aquisição é feita sem sua aprovação. Além dos dois, há apenas outros quatro diretores na Hypermarcas. Herança da Arisco, essa estrutura reduzida permeia todos os departamentos da empresa. A área de fusões e aquisições, por exemplo, hoje uma das mais importantes, tem apenas dois funcionários - antes de fechar seus grandes negócios, Júnior costuma pedir a ajuda do banqueiro Ricardo Lacerda, ex-Citi e Goldman Sachs. “A Hypermarcas compra muito bem, como se fosse um fundo de private equity, e tem uma capacidade de gestão de marcas exemplar”, diz Luis Arjona, sócio da consul toria Bain&Company.

A única área da Hypermarcas que Júnior comanda de perto é o marketing - tão de perto que nenhum anúncio de seus produtos é veiculado sem sua aprovação. Desde a época da Arisco, foi com investimento intensivo em publicidade que o empresário tornou suas marcas conhecidas a ponto de competir com produtos líderes de mercado. Júnior não usa agências de publicidade externas. Tudo é feito dentro de casa. Com isso, negocia os espaços publicitários diretamente com jornais, revistas e emissoras de televisão. Segundo o Ibope Monitor, a Hypermarcas é hoje o sexto maior anunciante do país. Sua fórmula de comunicação está diretamente ligada ao fenômeno das celebridades. Da lista de artistas e esportistas que dão aval a seus produtos estão nomes como a apresentadora global Xuxa, a atriz Mariana Ximenes e o jogador de futebol Ronaldo Fenômeno. Atualmente, a Hypermarcas é a segunda empresa que mais contrata artistas e celebridades do país. Só fica atrás da Rede Globo. Em 2010, a empresa deve investir cerca de 300 milhões de reais em marketing. Desse total, boa parte será injetada em sua tacada mais recente: o futebol. Embora Júnior não seja fã do esporte, Bergamo torça para o São Paulo e Mello para o Palmeiras, a Hypermarcas fechou há algumas semanas o maior contrato de patrocínio da história do futebol brasileiro - com o Corinthians. No ano de seu centenário, o clube vai receber 38 milhões de reais para estampar em suas camisas as marcas do laboratório Neoquímica, do desodorante Avanço, dos produtos de higiene pessoal masculina Bozzano e do detergente Assim.
Pode-se dizer que o maior desafio de Júnior e seus executivos começa a partir de agora. Para manter sua velocidade de crescimento e o interesse dos investidores por seus papéis, sua empresa precisará fazer aquisições num ritmo ainda mais intenso do que o atual. A meta de Júnior é comprar uma média de um novo negócio a cada dois meses em 2010 - e pelo menos uma dessas operações deve envolver uma grande empresa. “Vamos comprar até triplicar de tamanho”, diz Júnior. Pelas contas de Bergamo, para alcançar um faturamento anual de aproximadamente 10 bilhões de reais, a Hypermarcas deverá levar cinco anos. Depois disso, o volume das aquisições deve diminuir gradativamente. “Já não haverá tantas empresas à venda no mercado”, diz Bergamo. A partir daí, preveem os executivos da Hypermarcas, o crescimento no Brasil passará a ser basicamente orgânico, concentrado nas áreas de atuação já exploradas pela companhia - alimentos, higiene e limpeza, cuidados pessoais e medicamentos.

Segundo pessoas próximas a Júnior, porém, ele já estaria analisando a possibilidade de dar os primeiros passos rumo à internacionalização de seu negócio. “Com a crise, de fato, há empresas baratas nos Estados Unidos e na Europa”, diz Júnior. “O problema é que não há muita sinergia com os negócios no Brasil, e isso acaba encarecendo a operação.” Entre as “companhias baratas”, Júnior estaria olhando de perto um pequeno laboratório farmacêutico americano e uma fabricante de cosméticos na Europa.

A entrada em mercados externos pode ajudá-lo a trilhar o caminho para a perenização da Hypermarcas. Nenhuma de suas três filhas trabalha na empresa e Júnior já deixou claro que elas jamais assumirão outro papel que não o de acionistas. Uma saída, diante disso, seria fazer com a Hypermarcas o mesmo que o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, de quem Júnior é adminrador confesso, fez com a AmBev. A cervejaria dominou o mercado local, se uniu à belga Interbrew, comprou a Anheuser Busch e hoje é a maior do mundo no setor. Embora Lemann, Telles e Sicupira não detenham o controle acionário da ABInbev, foi o modelo de gestão brasileiro que prevaleceu. Desde a abertura de capital da Hypermarcas, em 2008, Júnior voltou a trabalhar no mesmo ritmo intenso dos tempos da Arisco: cerca de 10 horas por dia. Para manter a energia, ele pratica exercícios diariamente - seu esporte preferido é a natação. Nos momentos de folga, um dos programas prediletos é viajar com seus três melhores amigos: o expiloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, o iraniano Abbos Abrapour, que conhece Júnior desde a adolescência e hoje vive tempo, apurou o gosto por um estilo de vida requintado. Adora carros potentes e esportivos - já teve uma clássica Ferrari vermelha e hoje é dono do único Aston Martin DB9 que roda no Brasil. Seu jato particular, um Citation X, é usado tanto nas viagens de lazer quanto nas de trabalho. (Mesmo nas viagens profissionais, Júnior não cobra um centavo da empresa pelo uso do avião. Seu patrimônio inclui ainda três lanchas e uma coleção de obras de arte com quadros de Tarsila do Amaral. A fortuna do empresário é estimada em cerca de 2,5 bilhões de dólares e, neste ano, o goiano João Alves de Queiroz Filho deve aparecer pela primeira vez na lista da revista americana Forbes como um dos homens mais ricos do mundo.

17 janeiro 2010

A escolha do amor

Pessoas que têm certezas absolutas erram mais

Nascido em 30 de abril de 1969, em Cachoeira Paulista - SP, Gabriel Chalita revelou-se como escritor já aos 12 anos, quando publicou seu primeiro livro.
É Doutor em Filosofia do Direito e em Comunicação e Semiótica; Mestre em Direito e em Ciências Sociais; graduado em Direito e em Filosofia. Foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Cachoeira Paulista, SP aos 19 anos de idade e atuou em diversas ONGs, entre elas a Julad - Juventude Latino Americana pela Democracia. Foi Secretário de Estado da Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer do Governo do Estado de São Paulo; Secretário de Estado da Educação de São Paulo e Presidente do Consed - Conselho Nacional de Secretários de Estado da Educação do Brasil por dois mandatos. Atualmente é vereador na cidade de São Paulo e mantém um programa na TV Canção Nova.

Chalita em seu programa na TV disse:

Todos os dias fazemos escolhas em nossas vidas. Algumas escolhas são simples; outras, mais complexas. Escolhemos a roupa, o sapato, a alimentação, o trajeto. Escolhemos a escola, o trabalho, as prioridades. Como não é possível resolver todos os problemas de uma única vez, vamos escolhendo aqueles que precisam ser solucionados antes. Escolhemos no supermercado, na loja, a forma de pagamento. Algumas escolhas simples ficam complicadas quando complicamos a vida. Fazer um almoço se torna um calvário para quem está angustiado. Ter de escolher o que fazer e que agrade às outras pessoas da família parece um trabalho insano.

Escolher a escola dos fihos. Escolher a mudança de emprego. Aos poucos as escolhas vão exigindo mais reflexão e o resultado da escolha vai ficando mais sério. Uma coisa é escolher a comida errada no cardápio e decidir que não vai pedir mais aquele prato. Outra coisa é perceber que casou com a pessoa errada. A escolha do casamento tem de ser mais demorada do que a do produto de uma prateleira em um supermercado.

Como somos imperfeitos, a dúvida sempre fará parte de nossas escolhas. E é diante da dúvida que amadurecemos. Pessoas que têm certezas absolutas erram mais e sofrem mais com isso.

A dúvida nos torna mais humildes, mais abertos ao diálogo. Nesses momentos é que percebemos nossa maturidade frente aos obstáculos. Os mais concretos ou os mais abstratos.

Neste início de ano, uma modesta sugestão:

Diante das dúvidas que surgirem, escolha o amor.

Diante de sentimentos mesquinhos, como a inveja, o ciúme, a vingança; escolha o amor. Antes de falar, pense. Mas pense com amor.

Antes de agredir, lembre-se de que o tempo da cicatriz é mais demorado do que o tempo do comedimento.

Antes de usar a palavra como instrumento de maldizer, lembre-se de que o silêncio é o grande amigo e de que, na dúvida, o outro deve receber a sua compaixão.

Diante do comodismo, da alienação, escolha o amor em ação. Assim fizeram os apóstolos, mesmo sabendo que seriam incompreendidos; assim fez Francisco de Assis quando ousou chamar a todos de irmãos; ou Dom Bosco com os jovens que só se aquietavam quando se sentiam amados. Assim fez Madre Tereza de Calcutá que fazia a escolha do amor diante de cada próximo que dela precisasse. Diante da boa dúvida, é bom pedir ajuda.

Para os irmãos e para Deus, a essência do Amor. Os desafios são muitos. É por isso que sozinho fica difícil. Como diz a canção: “Eu pensei que podia viver por mim mesmo. Eu pensei que as coisas do mundo não iriam me derrubar”.

E a oração continua e, com ela, nossa certeza: “Tudo é do Pai. Toda honra e toda glória. É Dele a vitória alcançada em minha vida”.

Que sejamos responsáveis em nossas escolhas simples ou mais complexas. Mais uma vez, com amor, tudo fica mais fácil e mais bonito finalizou Chalita!

Um grande abraço!

José Renato de Freitas Almeida
Juara MT
jrfalmeida@gmail.com

08 janeiro 2010

Notícia Ruim é Que Vende

A cada dia fico mais desanimado em ver, ouvir ou ler o noticiário. Só tem coisas ruins. Morte, tráfico de drogas, corrupção e tantas outras coisas que nos fazem desacreditar no ser humano. Acredito que existem mais coisas para noticiar, do que tragédia. Uma das máximas do jornalismo é “notícia ruim é que vende”. Com esse pensamento tanto os novos como os experientes jornalistas nos alimentam de informações. Eu gostaria de ver também coisas positivas. Já estamos tão acostumados com pensamentos negativos, que quando aparecem notícias boas e positivas, as pessoas logo pensam que o jornalista ou o veículo foi comprado.

O Articulista Richard Jakubaszko escreveu: Chega! Bastam-me meus próprios pânicos, medos, ansiedades e angústias. Não vou mais procurar sarna para me coçar. Essa sarna que sai diariamente nos jornais é dos outros, não é minha, afora o fato de que são notícias mal escritas, fatos mal contados, estórias deturpadas do cotidiano e repetidas por quase toda a mídia como verdades eternizadas. A realidade, assim me parece, é que quase tudo o que sai em jornal, nas revistas, TVs e sites hoje em dia é ideologizado. Extrapolou o paradigma do "se há governo, sou contra". É óbvio que existem altíssimos interesses em jogo. Seus autores, entretanto, parecem não se dar conta das bobagens que dizem. Como a preferência é pela "má notícia" todos primam pela procura insana de ver o lado mais negativo daquilo que noticiam.

Afinal, é isso que vende jornal e que dá audiência.

O assunto agora, ou melhor, há alguns meses, era a tal gripe suína. Em Juara há muita gente inconformada com o fato de a gripe ainda não ter chegado por aqui, isso mesmo! Por incrível que pareça! Durante a Expovale, houve rumores que algumas pessoas, vindas de Cuiabá para participar da festa, estariam infectadas pelo novo vírus. Dizem as más línguas que uma dessas pessoas teria passado mal e sido encaminhada ao hospital da cidade.

Nenhuma dessas informações se confirmou. Tudo isso é uma conseqüência do pânico desnecessário que a mídia de massa tem transmitido à população sobre o assunto. Um flagrante de sensacionalismo. A verdade é que a mídia de modo geral adora uma tragédia: seja um acidente aéreo ou uma nova doença. A gripe suína mata tanto quanto a gripe comum, ou seja, menos de 1% dos infectados; Mas a impressão que a mídia passa é que a espécie humana corre um sério risco de ser dizimada a qualquer momento. É... Notícia boa não vende jornal e nem gera audiência em Sites... fazer o quê...

Elio Gaspari costuma dizer que, nas redações, a notícia chega devagarzinho, abre a porta de leve, põe a cabeça para dentro e entra correndo para esconder-se. Se alguém a notar, será imediatamente chutada para fora.

E, se a notícia for boa, suas chances de sobrevivência são ainda menores. Notícia que o pessoal gosta é corrupção, é escândalo, é miséria, é tudo aquilo que deu errado. Nas ocasiões em que o Brasil dá certo, aí não é notícia (e não vale nem a regra de que boa notícia é o inusitado). Lugar de notícia boa é o cesto do lixo.

O BB de Juara é responsável por 80% de todo o investimento produtivo na indústria e comércio local, financia 100% dos Pronaf's com quase mil beneficiários, 100% do Banco da terra, 100% de aplicação de FCO, convênio da AABB com a Prefeitura Municipal que beneficia mais de 100 crianças com noções de cidadania e reforço escolar, gerando emprego e renda e melhoria na qualidade de vida e ainda tem o programa de Estratégia de DRS com a Associação de Artesões e a Cooperativa de Costureiras.

A atuação do BB, com a Estratégia Negocial de DRS, se dá por meio do apoio a atividades produtivas, com a visão de cadeia de valor, identificadas como vocações ou potencialidades nas diferentes regiões onde o Banco do Brasil está presente. A Estratégia DRS apoia o desenvolvimento de atividades nas áreas rurais e urbanas (agronegócios, comércio, serviço e indústria).

A metodologia de atuação prevê a sensibilização, mobilização e capacitação de funcionários do BB e de parceiros, e ainda a elaboração de um amplo diagnóstico, sendo abordada a cadeia de valor das atividades produtivas apoiadas e identificados pontos fortes, pontos fracos, oportunidades, ameaças e potencialidades, dentre outros. O BB está disponibilizando aos cooperados e associados das duas instituições acima, crédito especial com juros de 1% ao mês.

O BB tem disponibilizado ainda permanentemente 03 vagas para estagiários a estudantes da comunidade além de 01 vaga a menor aprendiz comprovadamente carente.

Você já viu essas notícias em algum site, jornal ou Rádio? Claro que não. As notícias são sempre sobre fila, sobre terminal inoperante...

Você já viu em algum local a informação que o BB de Juara é a única instituição que tem total acessibilidade aos portadores de necessidades especiais. Inclusive sanitários? É o único local onde um cadeirante sozinho pode entrar, ser atendido, ir ao banheiro, sem ser humilhantemente carregado ou arrastado? Claro que há exceções: TV Juara, Rádio Tucunaré e Show de Notícias!

Vale a matéria negativa? Vale sim. Mas, além da volúpia por más notícias, há um problema extra, que assusta repórteres: o medo da patrulha. Fazer matéria a favor pode dar a impressão de que há alguma coisa esquisita além da reportagem. Mas é preciso vencer também este preconceito – ou ficaremos restritos ao noticiário negativo e cobertura policial.

Uma das razões para tal predileção da imprensa está na própria natureza da sociedade. Se você já presenciou um acidente de carro numa rodovia, sabe do que estou falando. Quando isso ocorre, é comum que o trânsito fique lento nas imediações do local. Os motoristas, em vez de trafegarem normalmente, reduzem a velocidade com um único objetivo:

esticar o pescoço para ver o que houve e, principalmente, para conferir se há vítimas em meio às ferragens. Ainda que as pessoas queiram distância da morte, quando ela se dá de forma violenta, passa a ganhar um interesse maior por parte do público.

Aqui mesmo no Show de Notícias as matérias mais acessadas são de acidentes, tragédias exceto o segundo lugar. Veja o Ranking:

01 - Acidente de transito na Avenida Rio Ayrton Senna em Juara tira a vida de um jovem de 19 anos.

02 - SOBRE O ESTATUTO DO IDOSO, por Marcelo Junior Gonçalves.

03 - Acidente na MT 338 mata dois jovens de Novo Horizonte do Norte e deixa outro ferido.

04 - Jovens de Juara que iam ao Show de Zezé Di Camargo em Juína sofrem acidente na MT 170.

05 - Mulher de 53 anos tem fratura de tíbia e perônio em acidente de moto com caminhonete.

06 - Acidente com moto tira a vida de Jean Carlos do Nascimento, filho da Fátima da Antártica.

07 - Djalma de Paula, assaltante do Banco do Brasil de Tabaporã preso pela polícia morou em Juara.

08 - Homem é morto a golpes de enxada em Porto dos Gaúchos e enteado é suspeito.

09 - Termina uma semana que teve morte, sexo no banheiro da praça e anúncio de uma nova estrada asfaltada.

10 - Fim de Semana: Mulher morre após acidente com moto, família capota carro com 07 pessoas dentro.

Mas tem gente que é contra tudo isso que está ai.

Em 14 de novembro de 2008 foi o início de um blog criado pelo jornalista Tommy Beresford, com co-autoria da também jornalista Luciana Naomi Hikawa, o Somente Boas Notícias.

A idéia é simples: fugir do mundo-cão, das notas bizarras e do muito de notícias ruins que já são publicadas todos os dias pela imprensa brasileira.

Somente boas notícias, somente notícias boas… De notícias ruins, a internet já está cheia, basta consultar qualquer seção de “Últimas Notícias” nos principais portais. No ‘Boas Notícias’ entram, portanto, notícias positivas: descobertas científicas que sirvam para melhorar a saúde e/ou o bem estar das pessoas, medidas e leis que sejam boas para o povo em geral, acontecimentos legais no cotidiano da população: boas ações e boas intenções. Na falta de possibilidades de criar um jornal impresso deste gênero, a internet é mais uma vez a melhor opção e este é mais um blog, entre tantos milhões com o propósito de ser diferente.

Agora mesmo, enquanto escrevo este texto, domingo 03 de janeiro de 2010 às 16h45min vejo a primeira página do Folha Online e não tem nem uma notícia positiva. Só desgraças, acidentes, mortes: tragédia em Angra, briga em avião, história de quem morreu, de quem sobreviveu, de quem perdeu parentes, congestionamento em rodovias...Tragédias e mais tragédias!

Até o presidente Lula que disse que não lê jornal criticou a predileção da imprensa pela desgraça. Segundo ele, a imprensa só noticia com destaque as notícias ruins e esconde as positivas.

O que a mídia faz é simplesmente reproduzir fatos que o leitor, o ouvinte, o telespectador ou o internauta está sempre disposto a consumir. A mídia, como diz Edgar Morin, não inventou o crime, a violência, a tragédia. E ainda que muitos jornalistas achem que são deuses, eles também não inventaram a morte.

Quando temos uma descontraída sequência de notícias alegres, é porque não somos sérios. Quando o noticiário mostra violência e tristeza, é porque a “mídia só gosta de mostrar tragédia”. Neste cenário sem máscaras e fantasias, cada vez mais vale a máxima jornalística de que notícia boa é notícia ruim. Mas ainda assim, o que deve prevalecer mesmo é a verdade sem exageros. E ainda bem que há jornalistas sérios que fazem isso.

José Renato de Freitas Almeida

Juara MT