Sou diarista capino lotes,faço cerca de arame farpado e liso, planto hortas, roça de milho, às vezes brinco de aviãozinho de controle remoto...mais, me acompanhe!
22 abril 2013
Coração Valente
De todos os animais que conhecemos, o cachorro é o que mais se uniu a nós. Sejam príncipes que lhe dão farta comida e leito de plumas, ou mendigos que dormem ao relento e só podem oferecer-lhe uma pequena parte das suas próprias migalhas: idêntica é a sua afeição e dedicação, e com igual amor lambe a mão ornada de jóias e os dedos trêmulos, consumidos de doenças e de fome.
Acredito que todos nós temos a história de um cão para contar. Uma com mais, outras com menos intensidade. A arte já retratou isso de várias formas. Em livros, filmes, teatro etc. Vejamos alguns exemplos:
Quando Hachiko, um filhote de cachorro da raça akita, é encontrado perdido em uma estação de trem por Parker, ambos se identificam rapidamente. O filhote acaba conquistando todos na casa de Parker, mas é com ele que acaba criando um profundo laço de lealdade. Baseado em uma história real, Sempre ao seu Lado, é um emocionante filme sobre lealdade.
Aparentemente pacato e “normal”, Marley e Eu é um filme surpreendente. Filme este que proporciona uma reflexão sobre a família, a constituição desta, a rotina, os aspectos positivos e negativos, e também, é claro, uma análise sobre a importância dos animais de estimação que, de certa maneira, acabam fazendo parte da vida de seus donos.
Walcyr Carrasco, escritor, autor de novelas da Globo e crônicas da Revista Veja São Paulo, excreveu Anjo de quatro patas, cujo enredo aborda a amizade e o companheirismo com o fiel Uno, um husky siberiano. Misturando ficção com realidade e apurando ainda mais o estilo irônico de seus textos, Carrasco consegue ser emotivo e divertido ao mesmo tempo quando relembra as aventuras e alegrias com o animal de estimação, que ganhou fama ao ser tema de sua coluna, em novembro de 2006.
O autor expõe diversas situações do cotidiano que apontam as curiosidades do comportamento canino: "Apesar de grandes, da aparência feroz e do uivo assustador, huskies não funcionam como cães de guarda. (...) No fundo, não nos pertencem. Eles sim são nossos legítimos donos!"
Eu já tive vários cães. Dois foram especiais. A lessy que viveu com nós mais de dez anos, teve que ser sacrificada. O seu fim foi progressisvo. Ficou velha, doente e tivemos que apressar o seu fim para não sofrermos com o seu sofrimento. E por fim o último, filhote vira latas que adotamos e viveu com nós somente por seis meses mas a sua partida nos deixou profundamente tristes.
Este assunto é muito doloroso, sendo que é algo que nós donos de animais pensamos e tentamos evitar a qualquer custo, no entanto, a partida de alguém que nos trouxe muita alegria é inevitável. Infelizmente meu amigo também se foi, ficou presente em minha vida por apenas seis meses, era com ele com quem eu brincava ao chegar de um longo dia de trabalho, era ele que comia o controle remoto da sky, era ele quem pegava peças de roupas e panos de chão e saia correndo todo alegre, era o primeiro a se alegrar com a minha chegada em casa, enfim, são todos estes atos carinhosos que sentirei falta. O nome dele era Valente, um cachorro muito amoroso e brincalhão que passou a fazer parte da família, mesmo fazendo bagunça e enchendo o saco com seu latido e uivado durante as noites.
O Valente foi atropelado. Quando cheguei para o almoço, abri o portão ele saiu direto para a rua. Ainda o chamei. Ele olhou para mim e seguiu. Seguiu direto para a morte. Meu filho foi correndo busca lo e o trouxe nos braços já morto.
Meu filho João Antonio escreveu no facebook "Como a vida tem suas surpresas! Apesar de todo o amor que recebia, ele tinha uma vocação pra liberdade e era só portão abrir ele saia para conquistá-la. Aconteceu que, a liberdade tão desejada, trouxe a sua morte. Que ironia do destino, escapando da morte enquanto filhote, pois foi encontrado na rua e adotado por nós, e morrendo no vigor da sua juventude. Ele viveu cinco meses comigo e com minha família. Mudou totalmente a nossa dinâmica familiar. Nos fez rir, as vezes nos emocionar. Foram cinco meses de muita alegria e que nunca serão esquecidos. Em 23 anos de vida nunca tive um amigo tão companheiro e fiel quanto este mocinho. Valente, em cinco meses, foi de longe o meu melhor amigo. Sei que tudo na vida tem um propósito e você cumpriu o seu. Valente, UM AMIGO PRA TODO O SEMPRE."
Adeus Coração Valente!
José Renato de Freitas Almeida
Prata MG
18 fevereiro 2013
A vida é breve, longa é a Arte
Muito bem. Fevereiro é o mês do meu aniversário. No último dia 17 completei 51 anos. Agora tenho 12 anos de idade de espírito, 28 de cabeça e 51 de corpinho.
Trinta anos atrás alguém com 51 anos de idade era um respeitado senhor, um... velho. Hoje, não mais. Para ser aquilo que a sociedade designa como “velho” é preciso ter mais de 65 anos de idade. E imagino que dentro de poucos anos será preciso ter 70.
E me lembro que quando perguntaram ao físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano Galileu Galilei quantos anos ele tinha, a resposta foi: “Oito ou dez”. E explicou: “Quando me perguntam quantos anos de vida tenho, digo os anos que me faltam viver. Os que já vivi, não os tenho mais...”
E o filósofo alemão Arthur Schopenhauer fez uma reflexão profundamente incômoda sobre o mesmo tema: “A diferença fundamental entre a mocidade e a velhice é sempre esta: a primeira tem a vida na frente e a segunda, a morte. Por conseguinte, uma possui um passado breve e um amplo porvir, e a outra o inverso. Sem dúvida, o velho não tem mais do que a morte pela frente, mas o jovem tem a vida, e se trata de saber qual das duas perspectivas oferece mais inconvenientes, e se não é preferível ter a vida atrás e não na frente.”
Ter a vida atrás ou à frente?
Pois é... Minha família é longeva. Minha avó paterna Eleosina tem 104 anos. Na medida do possível lúcida. Calculo que devo viver até os 85 anos, portanto, tenho ainda 34 pela frente. E no ano que vem terei 33. E no outro, 32. E assim por diante, com cada vez mais vida para trás, até chegar o meu dia, quando espero me orgulhar dos anos que não terei mais. Por isso procuro gastar meus anos de vida fazendo algo que valha a pena. E dividir com os leitores deste blog estas minhas reflexões têm sido um privilégio.
Segundo Sêneca, a maior parte dos mortais, estão de acordo quando lamentam sobre a avareza da Natureza. Nascemos para viver por pouco tempo, e mesmo assim o espaço de vida que nos é dado se precipita tão rapidamente, anda tão veloz, e de um modo tão fascinante que, excetuando-se uns poucos, quando a maioria dos homens se preparam para viver a vida, ela os abandona.
Sobre este mal, comum a todos, como em geral acreditam, não choram somente o povo simples e os ignorantes, porém os sábios ilustres também sentem-se perturbados e lamentam.
Disto decorre a sentença ilustre: "A vida é breve, longa é a Arte". Por isso, eu pinto. Pinto telas.
Que importa saber que as telas que eu pinto valem tanto ou menos quanto uma tela em branco?
O futuro há de garantir o desfecho desses rabiscos, se não são artísticos como alguém pode me fazer crer, são ao menos sinceros, e queira enxergar, não se faz arte sem o fluído misterioso da sinceridade e é essa sinceridade que escorre além de mim…
Na ilustração deste texto algumas telas de minha autoria.
José Renato de Freitas Almeida
Prata MG
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